As Missivas - O Livro dos Meus Dias

Missivas: cartas, epístolas ou, simplesmente, bilhetes que são enviados a alguém.

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Local: Brazil

"Um poeta é sempre irmão do vento e da água: deixa seu ritmo por onde passa." Cecília Meireles

.............................................O Ritmo do Homem no Compasso de Deus........................................

25.8.11

Caminho

Eu fico pensando que se a gente pudesse escolher um só caminho para seguir, nunca teriam havido outros caminhos... Não existe vida sem escolhas, mesmo que estas sejam tão primitivas. A principal vantagem da dúvida é não deixar que você faça besteira antes de pensar, embora isso não impeça que a besteira venha reinar.

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28.2.11

Bilhete Perdido

Aquele velho cartão perdido a dias assim dizia:
'Que teus olhos nunca se esqueçam das palavras aqui ditas.
Que teu coração sinta o calor que emanou dessa caneta.
Faz de conta que é cedo p'ra ouvir a minha voz,
Cantando ao pé do teu ouvido aquela bela canção.
E em falar de falta intenção selou nosso começo.
Falta esta que não foi suficiente p'ra calar o coração'.
E assim, lá do fundo da gaveta, ecoava do bilhete
As palavras de um antigo mensageiro... de um jovem escritor.

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20.2.11

Quando Tudo Terminou

Nasceu, cresceu e morreu.
Pediu, tentou e aprendeu.
Plantou, esperou e nasceu.
Colheu, preparou e sentou.
Comeu, bebeu e cresceu.
Sofreu, pensou e morreu.

Mas nem tudo acaba no fim...

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15.12.10

Palavras


A palavra necessita o seu cuidado, quer ser lembrada, discutida e encontrada. Como moça jovem, a palavra quer ser casada, quer ser escrita. Até a palavra necessita seguir regras. A palavra detesta solidão e se lamenta quando esquecida. A palavra vivencia solidão até mesmo no dicionário quando cercada por uma multidão de palavras que não se percebem, não se comprometem.

A palavra é o véu do sábio e o coração da viúva que expressa na falta de palavra a desolação diante do desastre. A palavra é a cura da ignorância, a luxúria do letrado, a sentença do juiz. Tem palavra que é sagrada, mas também tem aquela que anuncia desgraça. A palavra é a expressão da verdade ou da mentira, dependendo, é claro, do contexto, do personagem, da intenção...

Já disse que a palavra necessita o seu cuidado, afinal é como gente: quer ser reconhecida e escolhida, dentre tantas outras, como o candidado a promoção. A palavra quer gerar frutos, ser derivada de um mesmo radical sempre que possível e conveniente, virar neologismo. A palavra quer ser escutada, aos berros ou ao pé do ouvido, não importa, desde que seja bem interpretada. A palavra quer ser entoada em prosa e em versos no ritmo da mais linda melodia. A palavra quer dominar o mundo, descrever mais paisagens, ser os olhos do cego.

A palavra é a materialização do abstrato, do intangível. É uma tentativa persistente dessa mania de escrever e de fazer nascer o sol cada dia mais bonito. É a tradução do pensamento, até daquele indecifrável, e também do sentimento mais indescritível. A palavra é a arma do justo, a expressão do artista, é a alma de um livro.

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30.5.10

O Sonho da Noite Anterior (2)

E lá estava ele.

O meu sonho, o sonho de uma vida, ali, materializado.

O que senti? Nem sei. Muitas coisas, é certo, acho que tantas que o vocabulário não me acompanha. Lembro de uma história em quadrinhos que li há anos, feita - argumento e desenhos - por um menino de dez anos. O personagem do menino encontrava uma lâmpada mágica, e os 3 desejos regulamentares eram concedidos. O que desejar?? Muito dinheiro? Egoísta. A paz mundial? Será que funcionaria? E de repente fez-se a luz. Pediu duas coisas quaisquer (nem lembro quais) e o pulo do gato, a sacada genial - desejou encontrar a lâmpada novamente. Assim, fazendo pedidos aos pares e desejando sempre encontrar a lâmpada de novo, encontrou o jeito de perpetuar a sorte.

E eu? O que faço com esse sonho aqui na frente? Penso no que passei para chegar até aqui. Penso que nesse momento os sentimentos poderiam ser outros. E se eu nunca tivesse tido a oportunidade de olhá-lo de frente? Se meu sonho nunca estivesse ao alcance dos meus dedos? E se eu nunca o tivesse sonhado?

Então, senti-me inseguro. Duvidei. Era mesmo O MEU sonho? Não podia acreditar que... Que o mundo havia se arranjado de tal forma que permitisse aquilo. No entanto, não posso negar a euforia de poder observá-lo como faz um cientista. Estudei-o por horas. Não podia me permitir falhar. Não podia tentar agarrá-lo e ao tentar, deixar escapá-lo.

Sentia-me atraído como um jovem apaixonado. Por toda a vida pedi a Deus que me concedesse apenas uma chance. Era mais do que necessário. Eu nem ambicionava uma lâmpada dos três desejos. Muito menos desejar encontrá-la mais de uma vez. Acho que você não poderia entender. Era o meu sonho: único e intocável, simples e ingênuo.

Lá estava ele e por mais que quisesse correr ao seu encontro minhas pernas não conseguiam. Simplesmente travaram. Era como se eu fosse uma árvore. Eu estava ali enraizado, preso ao chão. Esticava os meus galhos em sua direção. Tudo em vão. Acho que a espera de uma vida me petrificou.

A euforia deu lugar ao desespero. As mãos suavam frio. O corpo tremia. Quanto mais pensava na minha condição, ali paralisado, mais me desesperava. Mais suava frio e mais o corpo tremia. Era um ciclo quase sem fim. Acho que se não fosse assim, não o teria alcançado.

Acho que o medo de perdê-lo, de deixar escapá-lo, contribuiu para que eu continuasse atento. Não me deixou desviar do meu propósito. Por nenhum momento pensei em desistir. Questionei-me se seria capaz, mas nunca decidi que seria um fracassado. Acredito que é tudo uma questão de decisão. Se você decide que vai vencer, não importa quantas vezes caia, levantará logo em seguida.

Lá estava o meu sonho e o mais incrível era que por mais que fosse o meu sonho não era exatamente como eu o tinha sonhado. Mas eu sentia que era ele. Disso eu tinha certeza. Não podia ser outro. Acho que o sonho estava disfarçado exatamente como são as oportunidades que temos na vida. Aquilo ali materializado não era o mais importante. O essencial era o que poderia fazer com ele. Para onde aquilo me levaria. É aquela velha história: ninguém compra a furadeira, mas os furos que vai fazer com ela.

Então decidi. Daria um passo de cada vez. Já o tinha estudado bastante. Porém, percebi que a cada passo que dava na sua direção observava mais detalhes. Era como se estivessem lá coisas que não estavam antes. Parecia outra coisa completamente diferente, mas eu tinha certeza que aquele era meu velho sonho.

Cada passo era doloroso, mas recompensava o fato de estar mais próximo do meu sonho. Cada vez mais sentia o calor que dele emanava. Não posso dizer que a experiência que fui conquistando em cada passo ia tornando o caminho menos doloroso. Mas eu posso dizer que era recompensador. Sentia até medo de ser enganado pela sensação de vencer uma meta. Eu sabia que a realização do sonho estava indiscutivelmente ligada ao cumprimento do objetivo. Não queria nadar, nadar, nadar e morrer na praia. Eu estava focado: venceria.

Até que chegou o momento de vencer, de conquistá-lo. Mas acordei. Estava de volta ao meu quarto. Percebi quando vi as paredes azuis, os meus brinquedinhos, as minhas fotos com mamãe e papai. Eu era novamente uma criança de 12 anos de idade. Quem que inventou seus sonhos ao dormir não se perguntou o porquê de acordar? E por qual motivo, somente, sonhos ruins têm começo, meio e fim? Alguém pode me explicar como dormir e continuar o sonho da noite anterior?

Eu já não tinha mais dúvidas: o sonho continuaria, mas agora era de verdade. Era real. O sonho da noite anterior não ficaria no passado, mas se cumpriria no futuro, sendo construído no presente.

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10.5.09

Maternidade

A maternidade talvez seja a mais pura semelhança entre a criatura humana e o Criador Divino. Isso porque, penso eu, da maternidade evocam-se atributos ou funções totalmente divinas.
Das mães recebemos o sopro de vida, e por elas conseguimos vislumbrar os primeiros raios de luz. As mães percorrem verdadeiros desertos, enfrentam verdadeiras batalhas em nove meses, que nós filhos não conseguimos compreender em sua totalidade. Talvez as mulheres não compreendam a dimensão que existe no fato de carregar uma vida dentro de si. Todavia, agem com muita naturalidade quando fertilizadas e se de fato não compreendiam tal dimensão passam a vivê-la intensamente de forma que livros ou palavras não podem lhes dar a sabedoria que adquirem. É como se naquele instante brotasse um instinto de sabedoria e caridade, nunca vividos antes.
Das mães recebemos as primeiras e mais valiosas lições sobre a vida. A dependência que temos de nossas mães ao amanhecer da vida é, sem dúvida, pela ignorância que temos sobre as coisas mais simples e fundamentais. Por isso somos tão curiosos e apegados nelas, pois nelas encontramos discernimento e aprendemos a engatinhar, a andar e a correr por entre os montes.
Das mães vivenciamos o amor, o carinho e o perdão. Magoamos nossas mães em muitos momentos. Quebramos objetos de valor sentimental como xícaras, perdemos seus brincos, sujamos suas roupas, mas nem por isso deixam de pôr-nos em primeiro lugar. Nem por isso deixam de nos olhar como se tivéssemos feito algo de bom e sensacional. E quem disse que tudo o que fazemos não é considerado motivos de orgulho para elas?
Das mães enxergamos a poderosa força de Deus. As batalhas que elas enfrentam não terminaram ao final da gravidez. Pelo contrário, com o passar do tempo as rugas e cabelos brancos vão aparecendo cada vez mais. Não por estarem envelhecendo, mas por estarem vencendo batalhas que deixam marcas. Me pergunto de onde vem a força que tais mulheres possuem para não perder uma batalha sequer pelo bem de suas crias.
Das mães aprendemos o que é felicidade. Que é felicidade, senão sentir-se realizado? E a realização de uma mãe está na realização de um filho. É, portanto, um sentimento desprendido, nada egoísta. O filho está sempre em primeiro lugar. A felicidade está, pois na felicidade de outro. Isso me parece um mandamento divino. Não posso deixar de acreditar que a mãe que consegue alcançar a felicidade de seu filho, se sinta igualmente feliz. Não posso, então, acreditar que as mãe que vivem tal atributo intensamente não cheguem ao Céu.
Nós homens, infelizmente, não podemos ser mãe e vivenciar tudo que estas mulheres podem viver. Pelo menos, podemos ser filhos.

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25.4.09

Amor por Vossa Lei

A boca do Eterno foi capaz de cativar os ouvidos de Abraão, de Isaac e de Jacó. O Eterno se apresentou a Moisés, com o nome de "Eu Sou". À Jó foi capaz de mostrar-se na dor. O Eterno também se apresentou à Maria, por meio de um mensageiro. Ele foi capaz de eternizar a vida de muitos que haviam existido, que existiam e que ainda haveriam de existir, concedendo Seu filho único, para que todos fossem feitos irmãos Deste, sendo, portanto filhos d'aquele.

E assim como um filho orgulha-se de seu pai, e o trata com nome e fama de herói, também posso eu superar as limitações do tempo e do espaço a me orgulhar e a clamar: Abba Pai. Também posso eu ser cativado pelas palavras, e não só por elas, do grande orador, que pôde através dos séculos firmá-las numa rocha, a ponto de que todo aquele que assim quiser tome conhecimento de seus preceitos.
Por isso, posso fazer a oração que o salmista assim o fez, muitos e muitos séculos atrás:
"São Admiráveis as vossas prescrições; por isso minha alma as observa. Vossas Palavras são uma verdadeira luz, que dá sabedoria aos simples. Abro a boca para aspirar num intenso amor por vossa lei." (Salm 118, 129 - 130)

Aspiro, portanto, dar mais passos e cada vez maiores em tua direção. Desejo que ao sentar em tua mesa, partilhar de tua palavra, ouvindo-a atentamente, não me esgote a vontade de continuar adiante. E que não seja uma cegueira diante de uma(s) regra(s), mas que seja, no entanto, o amor por vossa amável lei que ilumine as obscuras cenas que existem dentro de mim, ao meu redor e nas mais diversas estações.


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24.1.09

Aniversariar

Aniversariar é recordar o dia em que soltamos o primeiro choro, o primeiro gemido. É recordar os dias seguintes, os anos também. É recordar-se dos primeiros afagos, dos primeiros sorrisos, dos primeiros encontros, dos primeiros contatos com coisas antes tão estranhas e hoje tão normais.

Aniversariar talvez seja isso: lembrar que o que hoje é normal um dia não foi. É recuperar a magia que é conhecer e se encantar. É recuperar o encanto e a curiosidade deixando de lado toda a rotina, fadiga e abuso. É viver um dia qualquer de uma forma diferente e especial. É receber do Eterno o presente de viver mais um novo dia.

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30.12.08

Esperança

A passagem de um ano para outro se dá através da passagem de um dia para outro. É como nos outros dias: a lua vai desaparecendo aos poucos e o sol ressurgindo depois de uma noite de descanso aparente. Mas é como dizem: "quem inventou que de um dia para o outro mudava-se também de ano reinventou a esperança".
É a mesma sensação que provocava João Baptista no Rio Jordão. Assim também fazia Jesus ao ressuscitar os vivos e não somente os mortos. A esperança tem cara e cheiro de novo. Traz consigo o perfume de novos horizontes e cicatriza as marcas que um dia já doeram. A esperança fortifica os fracos e protege os deprimidos. A esperança tem a cor do mato que nasceu depois de feita uma queimada.

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29.11.08

O Crisma

Lembro como se fosse hoje desse dia. E o que me fez lembrar agora foi o fato de uma pessoa muito próxima e querida estar neste tempo pelo qual também passei anos atrás. Lembro dos encontros em que era possível ouvir a versão de uma instituição que outrora condenei. Lembro das palavras que falavam d´aquele Homem de um jeito tão desigual e ao mesmo tempo tão natural. Era como se eu estivesse voltando no tempo e podendo ouvir a voz d´aquele mesmo Homem que pregou a tanta gente. Mas eu aprendi que o que acontecia não era como entrar numa máquina do tempo e viajar ao passado como se aquilo fosse pegar um avião. Não! Eu aprendi que aquilo era a atualização de um mistério pelo qual eu me encantei.
Parecia natural se encontrar com alguém antes invisível. Era como descobrir o paraíso. Era como voar e não ser mais um menino. Ah! Bem que eu lembro d´aquele Templo lotado. Bem que eu lembro dos sorrisos ou das lágrimas que revelavam felicidade. Lembro do senhor vestido de vermelho trazendo as mãos um Senhor revestido de um branco glorioso. Neste momento eu já era um crismado. Já havia dito "sim" e nem percebia que naquele momento eu vivia uma grande Teologia. Eu nem percebia que naquele momento eu estaria tomando a mesma decisão do "fiat" de Maria.
E como disse um outro senhor vestido de vermelho que também trazia O mesmo Senhor revestido de um branco glorioso: "Você pode ser tentado a achar que hoje é o ponto de chegada, porém hoje é o ponto de partida". Você consegue vislumbrar ou entender o significado disto?

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30.10.08

Primavera no Inverno



Inspiração: Lucas 10, 25 - 37



Poucas vozes. Tantos vultos. Outras vozes. Nunca olhares. Muitos juízos, de vem em quando injustos. Muitos povos. Poucos próximos. Ah! estar meio morto é estar apagado, entristecido. É não ver sentido. É não ter desafios. É ter-se deixado levar por quem eu não podia. É perder a dignidade, o respeito e a emoção.
É querer tudo e não ter nada. É ter "tudo" e não querer mais nada. Desde que lhe vi em viagem, me recordo de onde eu vim. Lá eu era livre e parece que tenho fugido da liberdade procurando uma prisão. E de fato encontrei. Aprisionei-me buscando liberdade. Procurei respostas prontas. Encontrei muitas perguntas. Procurei por muitas praças. Encontrei muitas celas.

Tantos passaram por mim e nada fizeram. Passei por tantos em igual ou pior condição e nada fiz. Quem esteve ao meu lado e estive do lado de quem? Quem foi meu próximo e fui próximo de quem?

Eterno, tu tens suportado os meus dizeres negativos. Tens suportado o meu desejo de prisão, a minha falta de respeito e o castigo que eu mesmo me criei. Tu deixaste por um momento o teu cavalo. Me fizeste subir na tua montaria. Colocaste este morto em teus ombros e devolveste a vida e o movimento.

Deste-me o amparo e ainda levaste-me a uma casa. Deste-me comida e colocaste alguém para de mim cuidar. Peço-te que guardes este hospedeiro. Peço-te que me ensine a ser como tu, pois quero ser mais próximo dos outros; de mim; de ti. Quero ver oásis em desertos, primavera no inverno.


04.10.08

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1.10.08

Sonho de Noite



O dia chega ao fim, noite cai.
É hora de dormir.

Eu só queria que você estivesse aqui
E deitar nas suas pernas como num travesseiro,
Sentir os seus afagos e poder ouvir baixinho
Todos os seus sentimentos por mim.

Fazer deles os meus motivos pra sonhar
Meus motivos de sonhar...

Preciso dormir p’ra descansar
Depois de um dia difícil.
Curaria minhas dores de cabeça
Com um só beijo, certamente.

Não só desejo como necessito
Não só tento como insisto...

Eu só queria que você estivesse aqui
E deitar nas suas pernas como num travesseiro,
Sentir os seus afagos e não estar sozinho,
Sonhar contigo e lhe ter até em sonho.

3.9.08

Sentar à Mesa

Inspiração: Lucas 5, 1 - 11.

Já se sentiu desafiado a ter um encontro com Jesus?
Acabei não de perceber, mas de admitir que depois de diversos encontros belíssimos com o Eterno, hoje não me tenho feito presente em sua mesa. Talvez muitos dos ensinamentos obtidos pelos apóstolos de Jesus se fizeram a beira de uma mesa quando eram ainda discípulos. Talvez grande parte das histórias contadas no evangelhos tenham sido fixadas através dessas longas e demoradas conversas sobre simples (ou não tão simples assim) palavras pronunciadas por Jesus.
E eu me sinto desafiado. Há algum tempo atrás, eu era como o povo que se comprimia para ter uma possível oportunidade de ouvir esse professor. E me sentia fascinado ao ouvir suas histórias. Ao vê-las acontecendo na minha vida, meio que inexplicavelmente atualizadas. Era como se há aproximadamente 2.000 anos atrás alguém já soubesse tanto sobre mim que nem mesmo as minhas máscaras poderiam me mascarar.
Mas tenho andado distraído, talvez como uma ovelha que esqueceu a voz de seu pastor. Mas será isto possível? Eu me sinto como se ao chegar à mesa da refeição, faço meu prato e vou comer assistindo televisão. Não é assim que fazemos hoje em dia?
Hoje, ao ler Lucas 5, 1 - 11 e procurar depois de muito tempo voltar a fazer a Lectio Divina em minhas leituras e orações, me coloquei não como Simão Pedro (um futuro pescador de homens), mas como o povo sedento (um presente aluno sem vaga na escola).
Eu quero poder ouvir mais a voz desse professor para, assim como fez Pedro, pronunciar uma frase tão rica de confiança e entrega: "Por atenção a tua palavra, lançarei as redes". Esse é meu compromisso... Sentar à mesa e partilhar deste banquete. A pesca é consequência.

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25.8.08

O Menino

Lá se vai o menino nas estradas de terra, colhendo os frutos de medo das árvores que lá não existiam. Lá se vai o menino brincando de ser adulto, imaginando ser do tamanho do mundo em que ele não cabia. Por ele sobrevoam os pássaros de ferro, as maldades metidas e as sutilezas da vida. Corre contra o tempo sem ter relógio para o apressar. Nada contra a maré sem que haja um rio que desagua no mar.
Lá se vai o menino iludido e de tão lindo procura quem o criou. O seu cérebro pede por obséquio um motivo seguro de ter que sozinho aprender a guiar. Mas lá bem ao longe continua caminhando, as vezes rastejando, mas sempre em frente rente ao desconhecido. E sem ter com quem falar aprende a pronunciar as primeiras porções de palavras, e que como chaves abrem as portas do contato com o sobrenatural. Lá se vai o menino, mas por onde ele vai?

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12.8.08

Solidão


Antigamente, pensava eu que ela chegava junto com a noite. Que o escuro favorecia os sentimentos turvos, o medo e fazia renascer os traumas. Era quando vinham minhas primeiras missivas (maneira como ainda não as chamava), fazendo valer o preceito de que poeta é homem triste.
Entre os seus rostos nada de olhares. Entre os seus braços inexistiam abraços, mas que como laços aprisionavam quem por frágil se fazia, mesmo quando não fingia dos outros precisar. Suas vestes arrendavam tantos corpos e compravam tantas mentes e seus dotes convenciam até os crentres transformando-os em descrentres.
Hoje, ela não tem hora para chegar. Não depende da lua, do tempo ou do lugar. Chega mesmo é solitária fazendo companhia para quem não tem seu lar.

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15.7.08

Minutas

Minutas de felicidade em minutos tristes
Detêm letras claras em páginas escuras.
Vejo o que não vejo em seus contrastes
Ao contrário do que se encontra no avesso.


Hoje, as pessoas quase não têm o costume de escrever e ainda é preciso fazer sentido?
Experimente brincar com as palavras... sou todo ouvidos!

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30.5.08

O Sonho da Noite Anterior

A gente precisa entender que, cedo ou tarde, a vida desafia. E desafia também em suas paixões. Paixões mal acabadas tendem a ser sombrias. Amores mal vividos insistem em destruir os sentidos. Quem que inventou seus sonhos ao dormir não se perguntou o porquê de acordar? E por qual motivo, somente, sonhos ruins têm começo, meio e fim? Por que os advérbios que se explicam têm, por vezes, que estar em porquês separados?
Não existem palavras exatas ou existem. Pouco do que digo lhe fará muito sentido. Alguém pode me explicar como dormir e continuar o sonho da noite anterior?

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2.5.08

Infinito


Cada passo. Cada pedaço de chão. Árvores que passam e passam e passam a cada metro percorrido. Neste ato voluntário de ser mais nobre, num devaneio insensato, descontente e temeroso. O fato é que o que era voluntário passa a ser padronizado, num quase que involuntário desencontro na beleza das marés.

Pegadas na areia demonstram tantos rostos que por lá já passaram e desfrutaram o infinito. Bem ao longe um crepúsculo e bem perto um passarinho. Ah! Como eu queria, que fosse por um dia, sobrevoar nas ondas bem tranquilas de um céu amarelado. Ah! como eu queria, que fosse por um dia, apelar só no tempero ao desfrutar do infinito.

1.4.08

Aprendiz - Metáforas Decifradas


Graças a pedidos será explicado as metáforas utilizadas na poesia anterior intitulada de "Aprendiz":
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Pontas que simples se encontram
E a palavra dá fim
Minas que grandes se cruzam
De um povo fabril

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Os dois primeiros versos dizem respeito aos autores dos evangelhos canônicos, que se encontram (fazem total sentido). Palavras essas que são como uma mina (riqueza) nas mãos de um povo que trabalha (portanto, age) sem ver nenhum sentido ou sem sonho algum.
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Fabricam sonhos contentes
Hoje nascentes na nascente de um novo rio
Que deságua sobre pedras cardíacas
E corre sem sentir o vazio

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As palavras dessa mina (os evangelhos) fabricam sonhos contentes (ou seja, revelam uma boa nova e esse Sonho é Jesus). Que nasce da nascente de um novo rio: O Pai. O Pai tem a razão de criar, nascer, dar vida e é novo porque é revelado o "parentesco" de sua "pessoa" somente agora. Essas pedras cardíacas somos nós: o barro que esse rio faz viver. Esse Rio é o Espírito Santo que preenche cada uma dessas pedras.
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Olhos que cegos escutam
As doces palavras de quem me faz aprendiz
Gestos que silenciam
Apontam por céu pra mostrar que é feliz

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Esses versos já falam de mim e de vós. Peço que vivencie como eu as palavras que me fazem aprendiz. Que me fazem seguir... e esses gestos que silenciam são braços erguidos em sinal de adoração que verdadeiramente mostram o que é ser feliz.
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Isso será feito poquíssimas vezes dado que o sentido do blog não é trazer algo mastigado, mas algo pra que se possa refletir e buscar o entendimento.

26.3.08

Aprendiz

Pontas que simples se encontram
E a palavra dá fim
Minas que grandes se cruzam
De um povo fabril
.
Fabricam sonhos contentes
Hoje nascentes na nascente de um novo rio
Que deságua sobre pedras cardíacas
E corre sem sentir o vazio
.
Olhos que cegos escutam
As doces palavras de quem me faz aprendiz
Gestos que silenciam
Apontam por céu pra mostrar que é feliz.
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26.03.08
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E na ponta de cada caneta a palavra vem fluente, porém temente de ser seu fim. De um simples encontro um evangelho não acaba, mas perpetua pelas várias canetas que se unem por cima de um papel. Um papel já feito mina, tão rico e tão grande, nas mãos de um povo que trabalha esquecendo de sonhar.
E O Sonho certo que ressurge nas palavras tão contentes de um pobre andarilho que de si nasce um rio, e batiza suas aquarelas . Um rio é sempre capaz de encontrar o vazio e preenchê-lo.
E o resto eu não explico, apenas insisto pra que se vivencie.
Olhos que cegos escutam as doces palavras de quem me faz aprendiz.
Gestos que silenciam: apontam pro céu pra mostrar que é feliz.

29.2.08

Os Dois Malfeitores

Inspiração: Lucas 23, 33 – 43.

Tantas são as vezes que erramos e bem sei que não gostamos de errar, mas enfim, erramos. Lembra daquela palavra maldita, daquele olhar torto, daquele falar em hora errada, daquele silencio que negou palavras de carinho? Lembra daquele “não” quando você sabia que tinha que dizer “sim” ou daquele “sim” quando o certo era dizer “não”? E aquela decisão que foi adiada para o dia de São Nunca?
Não é fácil se olhar no espelho e ver uma pessoa cheia de defeitos. Dormir ao fim do dia sabendo ter cometido um grande erro. Não é confortável sequer receber carinho de quem insistimos em fazer mal. E viajando rumo a prisões, o grande ato libertador vem do arrependimento.
Recordo-me de três homens sendo crucificados. Um inocente e dois malfeitores. Cada um sentindo as dores de um corpo frágil perante grande tortura. A morte viria logo e talvez viesse para uns em forma de alívio. Naquele momento, o mais zombado, certamente, era o inocente, declarado blasfemo.
Um desses malfeitores não consegue experimentar a grande graça de arrepender-se, de reconhecer os próprios erros. Não reconhece sequer o seu lugar: o fato de estar sendo crucificado ao lado de Jesus o faz pensar que é igual a Ele. Enquanto isso, o outro malfeitor repreende seu companheiro dizendo: “Nem sequer temes a Deus? Tu que sofres o mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum”.
Reflita sobre esta imagem e pergunte-se quem você seria nesta situação. O primeiro ladrão que não tem coragem de sofrer as conseqüências dos seus atos; que não se vê inferior nem a justiça divina ou o que temeu a Deus e reconheceu os seus crimes e o merecimento de sua punição; e ainda teve coragem para pedir que fosse lembrado por Jesus? E ainda que fosse um quem você gostaria de ser a partir de agora?
Sua resposta pode ser triste se pensar no seu passado, mas pode ser alegre se tomar uma decisão neste presente.

21.2.08

Saudade do Céu

Inspiração: Lucas 10, 38 – 42.

Eu não sei quanto a você, mas eu já senti saudade do céu. Seja ele pintado de azul e coberto de nuvens ou que seja ele o jardim mais bonito – coberto de flores e de cheiro bom – que puder existir.
Desde cedo aprendemos que há alguém superior a nós. Que somos obra de um artista grandioso, mas você já sentiu isso de coração? Eu já. Entendo quando olho ao redor e vejo violência, fome, miséria, enfermidades que poderiam ser contidas, vícios, desrespeito, maldade, depressão e injustiça; que a insatisfação com que olhamos para tais coisas é fruto de uma saudade de tempos bons, saudade às vezes do que ainda não vivemos.
Mais do que “tempo”, vejo um “lugar”. O Reino do Céu implica em um “mundo” onde se cumpre fielmente a justiça de Deus, portanto sua vontade. Você sente saudade dos tempos em que era criança e não via maldade nas pessoas? Sente saudade dos dias em que saía de casa e não sentia medo? Hoje, provavelmente, o medo lhe faz até discriminar outras pessoas.
Pense bem! Quando você sente saudade de um amigo, o que você faz? Visita-o, não é verdade? Essa saudade que você sente do Céu pode ser porque Deus já lhe convidou tantas vezes para visitá-Lo e você não atendeu o Seu chamado. É... A saudade chega e é uma forma bonita que Deus tem de continuar presente; de continuar lhe chamando para voltar-se para o alto ou dentro de si. Não espere para visitá-Lo nos dias de dor e desespero, aproveite que você ainda sente saudade. Cultive e regue com a mais pura água essa saudade, porque a saudade do Céu o faz lembrar de onde você é. Preciso dizer de onde?

31.1.08

Permita-me Ser Frágil

Permita-me partilhar meu descontentamento. Descobri que sou frágil. Descobri que erro e muitas vezes. Descobri que sou pequeno diante de menores questões. Descobri que tenho limites e ultrapasso-os de maneira violenta e insensata. Permita-me dizer que sou doente. Não tenho super-força nem sei voar. Sou tão fraco como o que penso ser mais fraco. Minha fraqueza não tem limites.


Permita-me ser frágil. Permita-me, por mais um momento, ter esperança. Por favor, me deixe ser poeta outra vez:



Entre tantas pedras e ar rarefeito
Muito fez seu tentar
Entre tantas trevas e sonhos desfeitos
Quem dirá seu penar

Que tentar que nada!
É chegada a hora dos bens, enfim
Do frágil vencer a fragilidade
E à vida dizer um "sim"

12.02.2008

28.1.08

Atos


O Amor traz consigo a esperança, a alegria e a temperança. O Amor suporta a tristeza, vence a opressão, faz nascer de novo o coração. Vejo amantes por onde passo. Vejo tudo na forma de abraço e a base do cansaço dá lugar a mil afagos. Afagos em outros colos que o faz bem mais jovem na certeza de voltar.
O Amor não vem chegando acanhado, pedindo pra ficar. Vem de asas bem abertas convidando pra voar. Vejo amados tão contentes e quando percebo estou também, pois contagio-me temente do que minto ser desdém. Tento ser quem não consigo. Não me faço impressionar, mas cada qual com seu sustento: deixe o amor me levantar.
O Amor também se chama paciência, caridade, amizade. Nem tampouco nem demais; amor pra sempre persevera naquilo que ele faz. O Amor, dizem uns ser paixão, outros ilusão. O que venho por fina força a declarar é que Amor não se enquadra em sentimentos, por isso fique bem atento: Amor se faz em atitude, faz levar a plenitude quem não sabe amar.
28.01.08
(a data já diz tudo)

13.11.07

Caminho de Emaús

A fé é um caminho onde não se pode ver o chão,
Mas mesmo assim se quer ir.

Tanta tristeza, tanto desânimo,
Mas Deus insiste em nunca desistir.
Tanto consolo, tanto carinho,
Pois Deus caminhou comigo até aqui.

Mas eu não reconheci.

A fé é um caminho onde não se pode ver o chão,
Mas mesmo assim se quer ir.


Tanta verdade em suas palavras:
Abrasaram o meu coração.
Partindo o pão reconheci
Que aquele então era o Senhor.

Hoje sou feliz.

A fé é um caminho onde não se pode ver o chão,
Mas mesmo assim se quer ir.

25.10.07


O caminho da vida pelo qual percorremos é, na sua maioria, um caminho escuro. Não sabemos que cidade, paisagem ou precipício virá adiante. A fé vem como consolo e companhia para aquele que anda fadigado por este caminho. Não importa se você não vê horizonte no dia de hoje. Não importa se seus pés descalços não suportam mais as pedras pontiagudas que tanto causam dor. Não importa que o sol lhe faça sentir o corpo arder. Não importa!
Não importa que seus sonhos pareçam se desmoronar e que outros sonhos seus se apresentem cada vez mais longe. Não importa que você não presencie unidade e se sinta só. Não importa que só haja motivos pra chorar, baixar a cabeça, desistir. Não importa!
Nada disso importa para aquele que sabe ver no Eterno a esperança. Nada disso importa para aquele que consegue tirar dentro de si uma fé, que tão envolvente, enfrenta qualquer dificuldade. A fé lhe faz acreditar que não importa que o caminho pareça ter terminado ou não tenha fim, Deus estará não só no fim a lhe esperar como um Pai espera por seu filho, mas também como um Homem que lhe faz companhia passo-a-passo. Enfim, como uma força que move o seu Espírito.

17.10.07

Obra Prima

Você chegou como pedra ao sol:
Tão precioso que me encantou.
Você chegou como onda ao mar:
Tão grandioso que me envolveu.

É por isso que eu Lhe espero,
É por isso que eu Lhe adoro,
É por isso que eu Lhe amo.

Você é minha obra mais prima
Que do barro fiz levantar.
Você se perdeu, mas vim lhe buscar.
Em meus braços vou lhe levar

É por isso que eu lhe busco,
É por isso que eu lhe chamo,
É por isso que eu lhe amo.

17.10.07


Ouvimos sempre que Deus ama a todos sem distinção. Mas quando experimentamos seu amor tão logo percebemos uma unicidade no seu jeito de amar. Somos uma obra prima que o Eterno não quer ver partir.

9.9.07

Os Laços das Amizades


Amizade é quando o amor move duas ou mais pessoas para a compreensão. E ainda que eles não se compreendam sempre, serão sempre bons amigos.

Amizade é como o vento e a ave que cantam sempre juntos, voam sempre juntos, e que um sempre sustenta o outro. Quando o vento não cumpre seu papel, não tem problema! A ave bate suas asas e renova o vento!

Os laços das amizades podem ser do tipo visível, em que todos sabem e presenciam quem são os laçados; ou do tipo invisível, em que os então já laçados não sabem dizer quem ou o quê os laçou.

Os laços das amizades são lembranças que não se tornam fases. Afinal, amar um amigo ou uma amiga é um jeito lindo de viver a eternidade.

05.09.07
Ricardo Bruno Queiroz Sampaio
(Homenagem à Camila Façanha)

21.8.07

O Dia Depois de Amanhã


O dia depois de amanhã se levantará com um sol bonito. As janelas de um lado da casa serão molduras de uma praia bem bonita. Do outro lado serão aquarelas delineando serras. Levantarei contente, ainda acreditando que o sonho sonhado não foi um mero acaso, mas um meio infinito de desejo realizado. No dia depois de amanhã, receberei visitas de grandes corações pulsantes. Terei meu corpo apertado pelos braços daqueles que de um modo inesperado me serão esta surpresa.
Ah! Já posso sentir o vento no meu rosto. Já posso ver os rostos dos novos amigos que terei. Já sinto saudades daqueles que deixarei para trás. Daqueles que me deixarão também. Já me arrependo do que deixarei de fazer ou do que farei de errado. Já me alegro pelos acertos que terei, dos laços que farei.
Ah! Já anseio pela conversa face à face com a tal da sarça ardente. Já posso sentir o coração abrasado pelas palavras daqu'Ele que nem saberei quem é. Já deslumbro a arte daquele dia de maneira diferente. Já aprendo que naquele dia aprenderei o que nenhum livro poderá me ensinar. Ah! já ia me esquecendo... já posso até pensar nas conclusões que terei dos livros que lerei. Já consigo escutar a música tão linda que falará de amor, moda naquele dia.
O dia depois de amanha, reserva na sua tarde fria uma chuva fina. Daquelas que dá uma louca vontade de se molhar ao invés de fugir. Aliás, o dia depois de amanhã não será de fugas, mas de encontros. Afinal, eu não irei estar sozinho. A noite terá cheiro de azul e cor de hortelã. As estrelas se ligarão formando uma lamparina para iluminar os papéis que servirão de fundo para minhas missivas.
O dia depois de amanhã vem numa profecia que se cumpre dia após dia. Eis que renovo o relato de meus dias.

25.6.07

Feliz é Teu Consolo

Quem sabe o que é ouvir de uma pessoa muito amada "não tenho vontade de viver! há muito penso em me matar"? Foi difícil conviver com essa frase e tantas outras. As lágrimas queriam pular de olhos tristes. Sem forças ficou todo o corpo.
Quem sabe o que é perder alguém talvez possa imaginar o que é perder alguém que se perdeu por si mesmo. Não sabemos dizer se é muita coragem ou falta dela. Talvez, apenas desespero. Na verdade, solidão. Nunca o profissional da psique foi tão requisitado. Nunca o homem foi tão carente de companhia. A depressão se apresenta como a doença do século. Mas eu tenho um testemunho. Sim, eu tenho um!
Porta trancada e um rapaz solitário. Olhos vermelhos no espelho e um choro impossível de ser contido. Dor... muita dor. Medo... muito medo de perder alguém tão amado. Vê-lo sofrer tanto tempo pela solidão e ao saber de todo sua história de invernos.
Sempre fui muito apegado, dentre as bem-aventuranças, a dos que choram: "Felizes os que choram porque serão consolados por Deus". Nesse momento de choro, clamei ardentemente como nunca havia feito a Deus por seu consolo.
Você não sabe como foi bom receber um telefonema dizendo estar tudo bem. Uma pessoa marcada pelo pluralismo religioso dizer que foi na igreja perto de casa e ao se confessar, sentiu-se aliviado. Ah! como é bom receber todos os dias o mesmo telefonema afirmando um bom estado!
Esse é meu testemunho. Deus ouviu o meu clamor. Atendeu as minhas preces. Aliviou fardos. Sei que ainda virão outros, mas sei que Deus será sempre o mesmo. O Eterno se faz em amor eternamente e eternamente devo agradecer por mais um dia de vida...
Te louvarei de todo o coração, Senhor!

9.4.07

A Voz do Cristo


Ressuscitou! Ressuscitou!
Aleluia, o Senhor Ressuscitou!
Escute a Terra inteira:
É Deus que enfim venceu!

09.04.07

Abrir o coração a presença de Deus é ver a atualização do mistério da ressurreição que Jesus provoca. Hoje, como partes de um corpo em que a cabeça é Cristo, também somos ressuscitados. Também temos um coração renovado e mesmo que por um instante temos uma paz que nos envolve e uma presença divina e eternizante.
Ser cristão é ser Cristo de novo. É ser Cristo para o mundo hoje. Crer na Sua ressureisção é crer que um novo templo foi erguido em nosso peito e que a vida é mais eterna assegurada pelo zelo à casa do Senhor. "Somos a voz do Cristo que ressuscitado está". As pessoas precisam ouvir a voz de profetas falando, é claro, em nome de Deus para que cada um saiba falar com Deus. E precisamos estar embriagados no Espírito para que A Palavra do Senhor seja mais doce que o mel ao paladar dos ouvintes.
Crer em Deus é, ao mesmo tempo, crer em nós como capazes de grandes obras, pois somos templo do Espírito Santo. Crer em Deus é, ao mesmo tempo, ser parte ou um pouco d'Ele.

30.3.07

Palavras Escritas...


Quando me puseram diante de ti
Perdi todo o medo que havia
E vi nos teus olhos compaixão.
Li tuas palavras e ouvi tua voz
E a partir de então eu soube
O que era do perdão eu ser feliz.

30.03.07


Quando aqueles homens levavam a Jesus aquela mulher para que ele a julgasse, algo inquietava. Sua atitude foi a de ficar em silêncio e escrever naquele chão santo como se conversasse com o Pai. As inquietações surgem para o contemplador quando ele se pergunta: "quais palavras Jesus escrevia ali?", "quem seria eu naquela ocasião?.
Não consigo deixar de imaginar quais palavras em hebraico ou aramaico (acredito que seja numa dessas línguas) ele escrevia ali, como também me coloco no lugar daquela mulher a ter fixos nos seus olhos o olhar confortante do mestre. Da sua boca fluir palavras exortantes: "Ninguém te condenou, por isso eu não te condeno. Vá e não tornes a pecar".
Quaresma: tempo de reflexão e conversão. Tempo difícil, de tentações. Cair no erro se torna fácil, mais do que sempre, me parece. Contudo, imaginar as palavras escritas naquele chão como se ali fosse o meu coração, e ouvir o pedido de Jesus para não mais pecar me trazem uma segurança de que o seu olhar sempre se voltará para mim. Eu só quero não desapontá-lo. E bem mais que isso, quero que o meu "eu-discipulo" se confunda com o mestre.

1.3.07

Encontro Afetuoso

Foi contemplando o mar e o céu
Que eu percebi a beleza de um altar.
Mais que da água e do ar eu preciso rezar

Por isso, ensina-me a ver
Com os Teus olhos o mar
E um altar eu encontrar

E agora eu sei que em tudo há tua mão...


01.03.07



Diante das maravilhas do mundo fica impossível não agradecer ao Criador. Aprende-se desde cedo que ar e água são essenciais a vida. Ouvi o sacerdote dizer que não precisamos ser somente práticos e esperar o corpo clamar por água. Precisamos ser simbólicos e dar água ao corpo de presente, por ela ser tão essencial, sem que ele peça.

Imagine que a carência tomou conta de seu coração e seu corpo anseia por carinho. Seu desejo de ser enxergado e de ser ouvido lhe toma de verdade. Até que você toma a atitude de pedir um abraço e chama alguém para conversar. E agora imagine que alguém, sem sequer suspeitar que você estava nesse estado, lhe tomou pela mão e lhe chamou para partilhar. Imagine que essa pessoa lhe olha e lhe diz que o ama muito... Não é preciso que o corpo clame por água para que você seja carinhoso com seu corpo e o dê água antes dele o pedir.

A oração é tão essencial como o ar e a água. Os ultimos saciam a matéria, mas a oração... a oração nos faz mais fortes mesmo que a matéria esteja fraca. Basta refletir sobre a vida de Jesus: os quarenta dias no deserto, os açoites em público, os pregos em suas mãos e o sol quente no seu corpo nú durante horas numa cruz. Confesso que a oração deve ser bem mais essencial, bem mais vital. Além disso orar se trata de relacionar-se afetuosamente com Deus. Se você gosta de sí e ama o Criador, não perca tempo e vá rezar.

2.2.07

Sobre o Blog

Nunca falei sobre o blog e o seu objetivo. Acredito que chegou o momento...
A vida nos reserva tantas histórias para contar, tantas destas são alegres e outras tantas são tristes. Diante disso, precisamos muitas vezes revelar as pessoas o quão grande é a nossa alegria e outras vezes desabafar as nossas inquietações. Revelar felicidade é forma de firma-la e desabafar é forma de consolo.
As nossas histórias servem de reflexão e entusiasmo para tantos outros. O blog propõe ser um conjunto de histórias vividas e refletidas em conjunto. As epístolas ou cartas aqui enviadas necessitam de respostas para poderem continuar ecoando e se firmando. Peço que os comentários sejam sobre o texto lido e de forma que se possa engrandece-lo. Que juntos possamos formar uma bela história de reflexão.
Se algo aqui já lhe comoveu ou lhe ajudou, comova e ajude a tantos outros. Até mesmo o autor dos bilhetes precisa ser entusiasmado e consolado. Tantas vezes ele precisa de ensinamentos. Críticas também serão bem vindas.
Outra proposta do blog é ser uma voz de Deus calando no coração das pessoas. E é missão do evangelizador que ela seja transmitida.

1.2.07

Deixa Florir


Lavar o rosto quando o choro for teu íntimo
E enxugar as lágrimas quando quiseres disfarçar.
Contudo, Deus percebe o teu penar, o teu sofrer.
E ninguém consegue entender , ninguém consegue ver
Que hoje chove e chove e daqui um dia é primavera...

Seja alegre como as estrelas
Que brilham mesmo mortas.
Deixa fluir teus sentimentos.
Deixa florir no teu inverno.


01.02.07


A dor muitas vezes nos perturba. Há dores que nem morfina consegue deter, mas "felizes os que sofrem porque serão consolados por Deus".

27.1.07

Primeiro Ano

Um ano é apenas sonho de terem mais
Dois corpos são apenas desejo
De um dia serem três.

27.01.07


O tempo passou e foi bondoso com o casal. Aprenderam a amar, aprenderam a se gostar. Quem não deseja ardentemente o mesmo? Agradecem a Deus pelo dom de um dia serem um.

Ao dia 28 de janeiro de 2007

29.12.06

Amanhecendo


Por tantos erros e medos
Cada um de nós queria voltar atrás.
Por tantos gestos e gostos
Vivermos lembranças outra vez.

Mas que bonito é ver o dia
Nascer e renascer num novo amanhecer
Que bonito é ter da vida a nova chance
De ser melhor ou ser feliz de novo.

29.12.06


Três reis magos seguiam uma estrela a mando do Senhor: Era o menino salvador que havia de nascer. Levavam consigo ouro, incenso e mirra, que representavam reinado, divindade e morte, de presente. Desde muito antes Ele era anunciado e mais uma vez a sua vida era prevista. Mais que lindo os caminhos e desejos do Senhor! Deu ao mundo uma nova luz.

Tantas vezes desejamos ardentemente voltar atrás para refazer caminhos mal feitos ou para reviver bons momentos. Mas o presente chamado vida nos dá, a cada dia, o direito de ser caneta de novo para escrever caminhos melhores ou reescrever paisagens belíssimas que um dia já vimos de perto. Um ano que se passa e um ano que vem é como o dia que foi e recomeçou. É Deus nascendo de novo!

18.12.06

Como São Belos

Ah! Que belos olhos!
Quanta paz saindo de seu olhar.
Ah! Que bela voz!
Quanta esperança nascendo de seu falar.


Vida sofrida. Tanto chão de pedra. Tanta gente de dedos a postos para atirar. Quantas vezes eu mesmo não apontei para mim mesmo? Quantas vezes não fui minha própria vítima de minha frustrações, limites e raivas? Quantas vezes revoltei-me com o mundo e sofri as conseqüência. Tornei-me amargo e sem razão. Tantas farpas me atingiram. Tantos traumas me causaram.
Contudo, seus pés chegam e suas palavras me alcançam. Este homem que sabe o valor do olhar foi capaz de deixar-me limpo como se dele eu tivesse bebido. Percebi que havia perdido muito tempo, mas que agora, inexplicavelmente, o tempo retornava. Inexplicavelmente porque o tempo não volta. Mas que poder Ele tem de me fazer renovado!
Foi certeiro o seu falar. Cativou meu coração. Hoje, sou feliz, mas que tristeza é te ver partir...

Ass.: Um discípulo da comunidade de Emaús.

18.12.2006

Quem soube perceber as maravilhas do Eterno tão encantado se alegrou. Quem, por um instante, d'Ele se afastou não foi feliz. Imagine quem O vê de longe a lhe esperar... Que abraço gostoso de se ganhar!

11.12.06

O Dom


Quando o Sol decide que é hora de acordar
Abre um sorriso, desperta o sonho que acaba de chegar.
Levanto-me contente, desejoso por ainda ser mais grato,
Tendo nos olhos o brilho do mais puro sorriso refletido.

Preparo-me pendente da inspiração que ainda me virá.
Que versos de presente esse dia irá ganhar?
E na mão que me alcança com o afago
Dando-me desejo de ser mais cedo p'ro afago repetir.

A vida hoje não me reservou surpresa alguma
Apenas, hoje, sou filósofo p'ra poder me admirar.
Como são belos os pés do andarilho
Que enfrenta o sol quente no seu dia mais difícil!

11.12.06


Há um segredo no seu modo de andar. Quando Ele passa parece nos fazer seguir. Na verdade, somos chamados a irmos juntos, felizes e contentes. Sem medo algum de ser feliz. Não importa o que o tempo e o espaço nos reservam, pois para Ele estes não existem. Se pelo dia os pés queimam e o corpo aspira do calor, se pela noite os pêlos agulham numa forma frágil de conter o frio... O segredo está no Seu modo de andar. Cada dia um novo sorriso, um novo ânimo tão longe de cessar. Eu peço licença para junto d’Ele caminhar. Junto d’Ele aprendo alguns segredos sempre na certeza de que eles nunca irão se esgotar. E vamos andando, pulando, correndo, cantando, cantando e cantando... A nossa alegria vai cativando tantos outros que se juntam ao nosso cantar... E o dia vai raiando, e mais outro, e mais outro... E assim a gente vai não só levando, mas vivendo o Dom mais precioso de se ter.

28.10.06

Das Cores da Bandeira


Brasil, Brasil, Brasil,
Mostra que teu verde não é verde-lodo
Que o teu branco não é de vazio
E que o amarelo não é sinal de palidez
Mostra ainda que há estrelas de verdade
Nesse céu azul vivo.

Mostra que é um país rico
Por ter um povo abençoado
De uma diversidade cultural
Num solo fértil rico.*

Brasil, Brasil, Brasil,

Vem matar a sede das crianças
Com as águas de teus rios
Vem saborear conosco
A vitória da esperança sobre o medo.

Mostra que teu verde não é verde-lodo
Que o teu branco não é de vazio
E que o amarelo não é sinal de palidez
Mostra ainda que há estrelas de verdade
Nesse céu azul vivo.

07/04/06
*idem


Chega o dia em que a esperança continua existindo.

26.10.06

Mais Azul No Mar


Parece que tem gente que não sabe me ouvir
Ou parece que sou eu que não sei nem falar?
Parece que eles estão querendo me excluir
Ou sou eu que talvez esteja tentando me afastar?

Eu quero flores no deserto
E quero chuva pro sertão
Eu quero alimento contra a fome
E quero mais azul no mar

Eu sou do lado A, mas tento ver o lado B.

06/04/06


Minha escrita é mais bonita que a fala. A expressão do meu desejo será, então, o meu silêncio. Por favor, não exagere nem me deixe exagerar.

20.10.06

Agnus Dei


Dona nobis dona nobis pacem

Agnus Dei qui tolis pecata mundi
Miserere miserere nobis.

Tradução:

Dai-nos, dai-nos a paz

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo
Misericordia, misericordia de nós.


A aridez espiritual é desconfortante. Ela vem após adquirido o fascínio pelo Eterno. A alegria maior dá lugar a tristeza pela distância então criada. Os discípulos de Emaús estão tristes pela morte do profeta. Tomé duvida do retorno do Ungido. Momento de parar, refletir... É preciso extrair ensinamentos. Eis que surge um Homem e os exorta. Eis que surge o Ungido e o convence. Confia, Ele está presente. Cuide de vê-Lo por aí.
Vida que colore o Céu. Sonho tão lindo. Realidade tão real. Pão que, então, é carne e vinho que, então, é sangue. Chagas que hoje são liberdade. Como após a tempestade vem a calmaria, após a aridez espiritual vem a Face do Eterno. E que a Paz esteja conosco.

16.10.06

Também


Também, também, também,
Se no meu caso me tens de refém.
Quando neste dia de sol,
Pois porque é dia de luz

Também, também, também,
Se no meu caso me tens de refém.
Quando desta ida é sua,
Pois porque é volta de alguém.

Também, também, também,
Se no meu caso me tens de refém.
Quando acendeu esta chama,
Pois porque não se apagou.

Também, também, também,
Se no meu caso me tens de refém.

05.02.06



O dois, sem plural. O dois também é uma forma de dizer que são um só. Também é revelar reciprocidade entre dois seres. Sol, luz também. Uma ida e outra volta de algém sinalizam, também, um encontro. A chama está acesa, porque também não se apagou. Refém. Refém, pois porque, também, sou prisioneiro do amor. Também te amo, pois me amas tão bem.

15.10.06

Chuvas de Maná


Do alto de um prédio
Eu não pretendo pular.
Do choro e seu reverso
É preciso aproveitar.

Ah! Como é bom sentir o vento,
Os pássaros nos ombros a cantar
E por um momento ter alento
E voltar a caminhar.

Ah! Como é bom ter sustento
Das chuvas de maná
E por mais um momento
Ao céu, eu me ligar.


14.09.06



Tem momentos na vida que a gente percebe que o que é mais importante é simplesmente viver.
Hoje a doença me faz pensar assim. Faz-me perceber que a "evangelização passa por ai". Seja num hospital, nas escolas, nas praças, ou nos momentos de lazer. Viver como Jesus vivia. Observar a vida como Jesus observava tornando-se assim um ótimo contador de histórias. É necessário vivermos essa vida desde já, se dela não vivemos até hoje, de acordo com O Professor Original e assim podermos partilhar das nossas histórias. Termos histórias bonitas para contar a família de hoje e a família de amanhã. Contemplar o belo da vida, no simples ou nos indecifráveis.
A gente pode até sair voando depois de descarregar tanto peso em palavras. E voar é estar no céu...

14.10.06

O Grato e Seu Louvor


Solos e ares, por onde passam as aves.
Pedras e mares, por onde correm as águas.
Os laços que criam as amizades:
Lembranças que não se tornam fases.

Do simples passo do Senhor,
Do vivo que ficou no seu soprar.

Lá se vem à essência do dom
Para as mais belas histórias contar.

Sou como aluno que admira o professor.
Sou como o grato que canta o seu louvor.

28.08.2006


O Eterno reúne em sí o artista e o educador. Aquele que desconhece o tempo cria as mais belas obras e desenha os mais belos caminhos. É quem torna possível as peças de barro possuírem sentidos. No seu sopro há a vida e o manual de como se deve usá-la. Não! a vida não foi feita para usá-la, mas para viver em plena alegria por ter recebido tão precioso dom. Como é bom ouvir o Eterno falar!